Brasil e Áustria se enfrentam neste domingo, às 11h, em confronto amistoso que vale como última partida de preparação à seleção de Tite para a Copa do Mundo da Fifa. Longe de ser uma potência, a equipe europeia não se classificou para o torneio na Rússia, porém já viveu um grande período em sua história, liderada pelo maior nome do futebol na história do país, Matthias Sindelar, craque que desafiou o Nazismo de Adolf Hitler e que teve uma morte misteriosa.
Nascido em 1903, na pequena cidade de Kozlav, Sindelar conheceu o futebol quando se mudou para Viena. Com seu dom natural, logo foi levado às categorias de base do Hertha Viena, aos 16. Não demorou muito para estrear no profissional, dois anos depois, e conquistar o seu espaço na equipe. Destaque, logo rumou ao Austria Viena, um time de massa no país, onde marcaria a sua história.
Conduzindo o time a conquista do Campeonato Austríaco em 1926 e ao bicampeonato da Copa da Áustria em 1925 e 1926, Sindelar caiu nas graças da torcida e logo estreou na seleção. Porém demorou para se firmar com a camisa austríaca.
Foi só a partir de 1931 que a história começou a mudar. Com façanhas memoráveis, em uma equipe treinada pelo lendário técnico Hugo Meisl, a Áustria passou pelo seu período mais marcante no futebol. Tudo isso, liderada por Sindelar. A seleção conquistou a Copa Internacional da Europa Central de 1931/32 e chegou a ficar 14 jogos invicta. Nascia ali o “Wunderteam”.
Até 1934, o “Wunderteam” austríaco tinha vencido ou empatado 28 dos 31 jogos disputados no período, o que credenciou a seleção ao favoritismo da Copa do Mundo daquele ano. A equipe passou pelas primeiras fases do torneio reforçando sua força, até chegar na semifinal. Contra a Itália, que jogava em casa, em uma era comandada pelo fascista Benito Mussolini, os austríacos perderam a partida por 1 a 0 (dizem que a chuva e o campo pesado atrapalhou a seleção de Meisl, que tinha como filosofia o toque de bola) e tiveram que se contentar com a disputa do terceiro lugar – posteriormente perdida para Alemanha, sem Sindelar em campo.
A Áustria ainda conseguiu a medalha de prata nas Olimpíadas de Berlim, mas foi a última faísca de grandeza do “Wundertime”. Foi nesta época que começou a crescente nazista no país, onde jogadores de origens judaicas foram perseguidos.
Sindelar nunca aceitou os alemães em seu território. Antes da dissolução da seleção austríaca, em uma partida contra a Alemanha marcada para celebrar a “reunificação da Áustria com o império alemão”, o atacante acabou com o jogo disputado em Viena (2 a 0), incluindo comemorando um gol em frente as tribunas que estavam autoridades nazistas. O detalhe era que militares de Hitler tinham deixado claro para os austríacos que a Alemanha é quem venceria o jogo disputado. Posteriormente, o craque se negou a jogar pela seleção germânica, após a união dos países.
Com o nazismo enfraquecendo o futebol austríaco, aposentou-se e abriu uma cafeteria. Viveu dela até o ano de 1939, quando no começo do ano, aos 35 anos de idade, foi encontrado morto em seu apartamento ao lado de sua mulher, devido a intoxicação com monóxido de carbono. Diversas histórias conspiratórias foram faladas, mas nenhuma desvendou o mistério de sua morte. Alguns dizem que Sindelar se suicidou devido a depressão de ter largado o futebol. Mas o que muitos acreditam é que autoridades nazistas causaram o “acidente”.
Dúvida sobre sua morte ou não, a verdade é que Sindelar se tornou imortal para os austríacos. O jogador foi enterrado com honras de estado, cercado de mais de 20 mil fãs aos prantos. A cidade de Viena ainda homenageou o craque com o nome de uma rua, posteriormente.
Longe da época de glórias, atualmente a Áustria luta para voltar a uma Copa do Mundo – a última participação foi em 1998. Na última eliminatórias caiu ficou na quarta colocação de seu grupo, atrás de Sérvia, Irlanda e País de Gales. Com sua grandeza deixada na história, a seleção tenta agora neste domingo complicar a vida do Brasil, para tentar reacender ao menos uma faísca do “Wunderteam” de Sindelar.
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