28 de março de 1993, um domingo como qualquer outro na vida de todo brasileiro. Menos para mim, jovem paulista, aficcionado por corridas. Estava em Interlagos assistindo em carne e osso a corrida de Fórmula 1 e acompanhando meu ídolo, Ayrton Senna.
Após chegar bem cedo ao autódromo, acompanhado de uma mochila com caixinhas de suco de maçã e uma dezena de lanches preparados pela minha mãe um dia antes. Lembro dos lanches embalados um a um. Eram deliciosos. Antes de começar a corrida eu já havia comido uns 4!
Ainda não tinha de entrado no autódromo. Comprei uma capa de chuva de um vendedor ambulante, já prevendo a mudança climática tradicional para o final do mês de março em São Paulo.
As horas vão passando. E eu lá na arquibancada da reta, de bunda quadrada e lambuzado em protetor solar, (minha mãe também havia colocado na mochila um Sundown 30) aproveitando os eventos que antecedem a largada da corrida.
Os carros começaram a vir para o alinhamento na reta de largada, um a um bem tranquilamente.
A galera zoava os mecânicos aos mesmos gritos que também eram dirigidos aos jornalistas que andavam pela arquibancada entrevistando o público.
Tudo isso só mudou quando avistamos a McLaren número 8. Linda! Branca e Vermelho alaranjado, o carro trazia o piloto do capacete amarelo. Ayrton Senna. O herói brasileiro!
Eu estava bem na frente de Michelle Alboreto, que largava lá em penúltimo. Alain Prost corria pela Williams com um carro espetacular. Muito melhor que a McLaren de Senna e a Benetton de Michael Schumacher, que nesse ano era bem diferente do restante dos carros, com seu inovador bico de tubarão.
Dada a largada! O som do povo gritando e o ronco dos motores se misturavam na minha cabeça. Isso me trouxe uma emoção jamais percebida. Em segundos veio o silêncio. Uma McLaren sai voando e capotando lá no S do Senna. De longe não sabíamos se era Senna ou Andretti e o Pace Car entrou na pista, um Fiat Tempra vinho.
Após a relargada a corrida seguia tranquilamente. O Som dos carros era uma coisa espetacular. Eu jamais havia escutado um F1 e aquilo era muito especial para um moleque de 11 anos.
O que mais interessava a todos nós aconteceu: chuva! Era a 27º volta da corrida que teria 71 voltas. A galera gritava de alegria! Tão logo começaram as gotas e Senna se antecipou e trocou os Pneus antes que Prost. A chuva que era fraca, virou um temporal.
Os carros “aquaplanavam” na reta. E assim aconteceu com Christian Fittipaldi que rodou antes da freada do S. Alain Prost vinha logo atrás dele e também rodou e bateu, abandonando a corrida em meio ao dilúvio.
A pista ficou livre para Senna que levou sua humilde McLaren até a bandeirada! Eu, feliz da vida estava rouco de tanto gritar e com uma alegria daquelas de sonho realizado (mesmo ficando surdo por 1h após a corrida).
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